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os livros de julho 📚

mesmo sem férias, o verão faz-me sempre ler mais. julho foi um mês de estudo e trabalho, mas também de muitas leituras, que ajudaram a lidar com o frenético dia-a-dia e algumas surpresas para as quais não estava totalmente preparada. apesar do elevado número de livros lidos, encaixam facilmente em duas categorias: ficção e romance. tenho sentido que em meses complicados gravito facilmente para estes géneros, talvez porque proporcionam um maior escape do mundo real.

FICÇÃO

Hear the Wind Sing, Haruki Murakami

O primeiro livro de Murakami é, segundo o próprio, mais uma novela do que um romance. Hear the Wint Sing encabeça uma trilogia introspectiva e melancólica, um estilo que acabou por definir o autor. Senti que esta obra foi uma espécie de ensaio acidental de Norwegian Wood, tanto pelas semelhanças no enredo e personagens, como pelo tom taciturno e sentimentos impressos no leitor.

Conta-nos a história de um estudante universitário a passar as férias de verão na sua terra natal, que passa os dias a beber, fumar e melancoliar (o legado de Murakami na língua portuguesa devia ser a criação deste verbo) com o melhor amigo num bar e que é terrível a comunicar com todas as mulheres com quem interage na vida.

Terminei este livro durante o pequeno-almoço da primeira segunda-feira do mês de julho e carreguei comigo um espírito de negrume durante todo o dia. Aliás, foi este livro que despoletou o binge reading de romance que descrevo abaixo. Ainda assim, como com todos os Murakami que li até agora, adorei a experiência e quero muito continuar a explorar a obra deste génio da tristeza.

Such a Fun Age, Kiley Reid

Este livro pertence à lista de must reads de ficção de quase toda a gente que conheço – e foi por isso que demorei tanto a pegar nele. Apesar de não me ter impressionado tanto como esperava, gostei bastante, e concordo que é uma narrativa extremamente interessante. Neste livro conhecemos Emira, uma jovem negra que trabalha part-time como babysitter de uma família branca de classe alta. Numa noite em que leva a criança ao supermercado, Emira é acusada de ter raptado a bebé da família. Seguem-se uma sequência de eventos e reflexões que desafiam o que é racismo e discriminação, e o que significa ser verdadeiramente um aliado “da causa”. É um livro curto em que acontece muita coisa, por vezes demasiado superficial, mas que recomendo.

Transcendent Kingdom, Yaa Gyasi

Na onda de Such a Fun Age, Transcendent Kingdom lida também com temas de discriminação, aliado a temas de religião e ciência. Conta-nos a história de Gifty, oriunda do Gana mas criada nos Estados Unidos, da sua mãe profundamente religiosa e (eventualmente) deprimida, e do seu irmão Nana, que sofreu uma overdose de heroína na adolescência. A história alterna entre o passado de Gifty e o presente – estudante de Doutoramento de neurociências no último ano.

É um livro muito difícil de ler que me fez chorar várias vezes e questionar muitas das coisas que tomei como certas nos últimos anos. É também um testemunho extremamente interessante da história e cultura do Gana que me ensinou muito. Foi por vezes difícil relemebrar que é um trabalho de ficção e não uma memoir, de tão crua e honesta é a escrita.

Romance

The Soulmate Equation, Christina Lauren

Oh. Meu. Deus. Este livro é perfeito. Uma frase- é um romance que a certo ponto menciona o Research Gate. Sim, a rede social dos cientistas em que podemos acompanhar a vida profissional dos nossos colegas. Este foi o meu primeiro romance do duo Christina e Lauren, e superou as minhas expectativas. Conta-nos a história de Jess Davis, uma estaticista mãe solteira, e de River Pena, PhD em genética prestes a tornar-se milionário devido à sua empresa de que emparelha pessoas com base em compatibilidade genética.

Sendo cientista tenho sempre receio de ler livros com premissas destas – se a ciência não for bem explorada fico desiludida, perco-me nos detalhes e sou incapaz de seguir a história. Mas este livro impressionou-me – não é demasiado ambicioso, mas tudo que o afirma é legítimo, possível e credível. Melhor, as personagens são realistas e empáticas, e apesar de seguir um plot típico do género e previsível, é exatamente o que promete ser – um ótimo equílibrio entre romance, drama, casualidade do dia-a-dia e spice.

Find Me, André Aciman

hum, nem sei por onde começar. Find Me foi-me apresentado como a sequela de Call Me By Your Name, o que me deixou confusa durante cerca de 70 % do livro porque – spoiler alert – o encontro de Elio e Oliver só acontece mesmo no fim. Aliás, a primeira metade do livro segue o pai de Elio e o seu próprio romance. Depois, passamos algum tempo com o Elio e o outro quase-amor da vida dele, e finalmente experienciamos o reencontro das duas personagens principais da história original. Para ser sincera, gostei muito de seguir o romance do pai de Elio, e a escrita de Andrè Aciman é tão apaixonante e romanticizada como sempre, pelo que posso perdoar a confusão. Por outro lado, senti que foi um pouco mais do mesmo, e questiono-me se a fórmula não estará algo esgotada, pelo menos para mim.

The Off-Campus Series, Elle Kennedy

Ao longo dos últimso meses obriguei-me a parar com as desculpas e explicações complexas para o porquê de ter começado a ler romances. Mas estes livros não são romances normais. São quase fanfiction publicada e bem escrita, um twilight moderno mas com jogadores de hóquei em vez de vampiros e histórias realistas em vez de lobisomens apaixonados por recém-nascidos. E talvez isto soe negativo ou crítico, mas não é todo essa a minha intenção. Cada um destes livros foca-se num jovem jogador de hóquei universitário diferente, e nas raparigas por quem eles se apaixonam. No geral, a história é sempre muito semelhante, e no particular é igualmente muito viciante. São os livros perfeitos para desligar totalmente a cabeça e relaxar, e confesso que me ajudaram em vários dos momento menos bons deste mês. Por isso, afirmo sem vergonha – em julho li quatro romances eróticos sobre jogadores de hóquei, gostei, recomendo, e pretendo continuar a explorar o género.

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