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os livros de março.

Este foi um dos meses de leitura mais bizarros dos últimos tempos. Começou com um livro de que gostei imenso, Lola, da Cátia Vieira. Este livro estava na minha lista de autores portugueses a ler este ano, e não desiludiu. Apesar de sentir que poderia ter havido mais algum trabalho de edição, acho que Cátia tem nas mãos uma estreia absolutamente bem sucessida, com uma história moderna e contemporânea sobre uma jovem mulher do Norte (que vive em Faria Guimarães, no Porto!) a fazer um doutoramento na FLUP, que está a tentar descobrir quem é e o que quer ser. Eu também sou do Porto, também estou a fazer um doutoramento, e também tenho passado por algumas crises existenciais, pelo que me senti espelhada em vários momentos e reflexões deste livro. Acho que é daqueles que acabarei por reler eventualmente, e estou muito feliz que este livro (e esta autora) exista!

Seguiu-se Open Water, de Caleb Azumah Nelso. Apesar de ter gostado, a obra deixou-me com a chamada ressaca literária. Durante cerca de uma semana tentei começar mais de uma dezena de livros, e acabei a pousar todos – senti-me amaldiçoada. O livro é muito curto, e essencialmente sobre duas pessoas que se conhecem num bar e percebem imediatamente que têm uma ligação muito forte, mas são terríveis a comunicar os seus sentimentos de forma clara e honesta. Está escrito de forma poética e bela, e apesar de ter sublinhado imensas passagens acho que o ritmo da escrita não resultou bem comigo, daí a ressaca induzida.

Pelo caminho, enquanto recuperava de Open Water, entretive-me com contos curtos, de Afonso Cruz e Rui Zink, disponíveis gratuitamente online, de que gostei bastante.

Eventualmente lá consegui voltar aos livros “inteiros”. Mas a maldição não tinha terminado! Li dois livros de que não gostei nada: Sex and Vanity, de Kevin Kwan, e The Bookish Life of Nina Hill, de Abbi Waxman. O primeiro, do autor de Crazy Rich Asians, é um dos livros que mais me irritou na vida – não gosto de ser cruel, mas não encontro outra forma de dizer isto. Sinceramente, é daqueles livros que não precisava de todo de existir. A premissa é um casamento de pessoas muito ricas algures em Itália, que junta a nata da nata da sociedade. O enredo é… bem, é isto. Só isto. O The Bookish Life of Nina Hill tinha taaaanto potencial – até meio, estava plenamente convencida de que seria um novo favorito, costumo adorar livros que são sobre livros e livrarias, mas acabou por me desiludir imenso na segunda metade. Caiu em falácias típicas de algumas comédias românticas que me irritam seriamente, como a necessidade de referir dez vezes por página que a protagonista é tão baixa e tão pequena, e uma relação instantânea e não credível com personagens unidimensionais. Apesar disto, o livro está muito bem avaliado no goodreads e conheço muita gente que gostou, pelo que talvez o problema seja meu.

A estas desilusões seguiram-se mais uns dias a ignorar a minha estante, até que me cruzei com Trans Like Me, de C.N.Lester, uma espécie de memoir educativa sobre a experiência de C.N.Lester como pessoa não binária. Adorei este livro, e valeu por todos os outros que me desiludiram – é obrigatório, necessário, e brilhante, e quero muito escrever um post inteiramente sobre ele.

Terminei o mês (literalmente, li este no dia 31!) com o The Fine Print, da Lauren Asher, autora de uma saga de romances de Fórmula 1 que devorei no ano passado. Este livro, também um romance daqueles bem spicy, foi exatamente o que precisava para terminar bem o mês – divertido, viciante, e imersivo. Como é habitual nos livros de Lauren Asher, alterna entre as perspetivas dos personagens principais masculino e feminino. Segue a conhecida trope de grumpy and sunshine, e valeu-me umas boas gargalhadas. Recomendo a quem gostar do género!

Olhando para trás, foi um mês confuso – sinto que não li nada, mas tudo somado li 8 livros (se contarmos os contos como um livro), correspondendo a um total de 1912 páginas. Acho que o meu sentimento tem a ver como não ter adorado vários dos livros que li, por múltiplas razões, e de identificar alguma falta de intencionalidade nas minhas escolhas literárias. Agora que me sinto renovada, comecei Abril com uma ida à minha livraria favorita, e estou positiva de que este mês me trará melhores leituras.

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