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Lisboa2021: highlights de uma viagem aleatória.

Começar com uma confissão – até agora, o meu conhecimento de Lisboa resumia-se ao Vasco da Gama, ao Pavilhão Atlântico/Meo/Altice Arena, ao Coliseu, Estádio da Luz e às Universidades. Como tripeira de gema que sou, sempre fiz questão de assumir o papel caricaturesco de pessoa que acha que a capital está mal escolhida. Nos últimos anos as minhas visitas resumiram-se a concertos e congressos. Recentemente apercebi-me de que o meu quase-preconceito idiota só me levava a perder experiências, e tomei a decisão de passar uns dias sozinha a explorar a cidade. A oportunidade de tirar férias surgiu no passado mês de Maio e, tendo a meteorologia a meu favor, decidi aproveitar.

Como a minha viagem foi mais improvisada do que planeada, não me sinto no direito de construir nenhum roteiro ou guia para a cidade, mas gostei imenso dos dias que por lá passei e achei que valia a pena destacar algumas das highlights do que vi, vivi e comi, com a certeza de que ficou muita coisa por ver.

(disclaimer #1 – a maioria destas fotos foi tirada para enviar aos meus pais como prova de vida/felicidade ou para partilhar no instagram, não pretendo de todo ser influencer e não acho que representem a beleza dos sítios / aspecto da comida)

(disclaimer #2 – sim, li o mesmo livro em todas as refeições e adorei, recomendo mil, e irei escrever sobre ele em breve!)

PARA VISITAR

Mosteiro dos jerónimos

maio de 2021

De todos os monumentos “chave” que nos vêm à cabeça quando pensamos em Lisboa (Belém, Padrão dos Descobrimentos, etc), o que escolhi visitar foi o Mosteiro dos Jerónimos. Porquê? Porque é grátis ao Domingo para residentes em Portugal! Para além de ser muito perto dos outros marcos culturais e, por isso, acessível a quem quiser fazer bingo de edifícios históricos, está também em frente a um jardim/parque absolutamente lindo, ideal para uma pausa pós-visita. O mosteiro é imponente e bonito, e contém os túmulos de Alexandre Herculano e Fernando Pessoa. Foi uma visita super agradável e um ótimo arranque para os meus dias em Lisboa.

MAAT + Central

Gosto de museus – aproveito sempre as minhas viagens para visitar os museus que me atraírem mais. É verdade que é um turismo mais cultural e menos focado no sítio em si, museus como o MAAT poderiam estar em qualquer cidade, mas está ali, e decidi aproveitar. O próprio edifício, a vista e a envolvência é em si uma obra de arte, e mesmo que não entrem vale a pena passar perto. Mas gostei imenso das exposições, do staff e da organização do museu. A minha parte favorita foi uma exposição de “arte como terapia” no Central, interativa e emocionalmente exigente, no melhor sentido. Não querendo dar grandes spoilers, uma das atividades que fiz (Citileaks) consistia em escrevermos o nosso maior segredo num papel a colocar numa garrafa de vidro que deixávamos depois numa sala povoada de outras garrafas. Em troca, pude escolher aleatoriamente outra garrava e ler o maior segredo de outra pessoa. E as outras atividades são ainda melhores! (E a entrada para estudantes no MAAT + central são 6 euros, in-crí-vel).

LxFactory

Bem, acho que toda a gente conhece este sítio – não há muito a dizer. Uma espécie de galerias ao ar livre, micro-comunidade instagramable e com muito boa vibe, povoada de restaurantes, cafés, bares de cerveja artesanal, lojas de roupa sustentáveis e vintage, negócios locais, um estúdio de tatuagens e, a maior atração de todas, uma livraria incrivelmente linda. Foi precisamente esta livraria que motivou a minha visita, mas o resto é igualmente interessante. Fica um pouco fora de tudo o que me interessava ver, mas como o meu principal objetivo era passear e explorar não me custou nada a viagem propositada, e valeu totalmente a pena.

PARA COMER

Pedi recomendações de restaurantes e cafés a toda a gente que conhecia que podia ter opiniões para dar – e depois não fui a nenhum deles. Mas ficaram apontados! Preferi que as minhas refeições fossem tão freestyle como o resto, e acabei por escolher sítios com base em três critérios:
1. estava com fome
2. era perto de mim
3. tinha opções vegetarianas E Super Bock (já sou fã de Lisboa, mas de Sagres nunca hei de ser)
Simples, certo? Mas eficazes! Acabei por descobrir alguns sítios muito aleatórios de que gostei bastante.

Quase Café

Num dos dias em que acordei um bocadinho mais tarde não me apeteceu o pequeno-almoço de torrada e sumo e decidi procurar um brunch. O Quase Café ficava a 3 min a pé do meu alojamento e, motivada apenas pelo bom aspecto da comida nas poucas fotos que vi, decidi-me a experimentar. E fiquei deliciada! Primeiro, a quantidade de comida é absurda, mas fiquei com imensa energia para os passeios do dia e só senti necessidade de voltar a comer à hora do jantar. Adorei a decoração do espaço e a simpatia do staff, e passei um bom bocado a comer ao meu próprio ritmo enquanto (também) devorava o meu livro.

Insano Gelato e Pizza

Esta gelataria que também serve pizzas ficava na rua do meu airbnb, e todos os dias ao partir à aventura pensava “tenho mesmo de ir ali comer um gelado”. E foi lá que fiz a minha última refeição em lisboa – e que refeição que foi! Pedi uma pizza de quatro queijos que estava deliciosa, e à sobremesa comi um cone gigantesco de gelado de oreo e de manga. Mas, apesar de a comida ser genuinamente muito boa, o melhor deste jantar não foi a refeição, mas sim a companhia do dono do estabelecimento. Um senhor extremamente simpático e claramente apaixonado pelo que faz, daquelas pessoas tão genuínas e agradecidas por termos escolhido o seu restaurante que nos tratam como se fosse o maior favor do mundo. Não consigo descrever a ternura que foi a conversa que tivemos, mas fiquei mesmo feliz e a torcer por ele. É um restaurante aleatório num canto de uma rua, tapado por uma curva vertiginosa que provocou duas quedas durante a minha estadia, mas merece toda a visibilidade do mundo!

Museu da Cerveja

Estava eu na Praça do Comércio à espera de um autocarro que me levasse ao LxFactory quando me deu a fome e decidi almoçar. A praça tem restaurantes a toda a volta, mas sendo eu quem sou dirigi-me de imediato para aquele que tinha cerveja no nome. Com pratos vegetarianos, uma esplanada agradável, e os copos de cerveja mais interessantes e leves que já vi, o Museu da Cerveja não desiludiu. Gostei imenso da comida e, principalmente (como era suposto), da cerveja, e gostaria muito de lá voltar.

Restaurante do MAAT

Eu não sei se este restaurante tinha nome, mas está à esquerda da entrada do museu, tem uma vista incrível e opções de brunch e cafetaria mito agradáveis. Foi uma ótima e conveniente experiência e paragem, e contrariamente ao que achei a princípio não era mais caro do que o típico restaurante do género, apesar de pertencer ao museu. Pareceu-me legítimo visitar o local só mesmo pela comida, mas aliado à arte que o rodeia fica ainda mais atrativo.

PARA RELAXAR

MIRADOUROS E MAIS MIRADOUROS

maio 2021

Lisboa tem imeeeeensos miradouros – dois segundos no google maps rapidamente revelam isso. Tive a sorte de ficar (acidentalmente) alojada perto de um particularmente bonito, o Miradouro das Portas do Sol (na fotografia), que para além de uma vista incrível tem um café estilo kiosk muito agradável com boa comida. Na minha busca por um sítio similar às Virtudes no Porto ou ao Morro em Gaia acabei por ir a vários outros Miradouros, e destaco o de Santa Catarina (informalmente conhecido por Adamastor), principalmente pela vista e pela vibe dos grupos que por lá estavam. Infelizmente, senti falta de espaços verdes e com relva em quase todos os sítios, mas mesmo assim valem a visita pela vista e tranquilidade, e resultaram em boas tardes de leitura.

RODA BOTA FORA

Esta recomendação é mais pessoal e “de oportunidade” – gosto imenso dos Roda Bota Fora (e de stand up, espetáculos e cultura no geral), e quando me apercebi de que iriam atuar no Villaret durante a minha estadia em Lisboa não hesitei. No fundo, a moral da história é – a cultura é segura, faz bem à saúde e vale a pena em qualquer momento, cidade, ou viagem. Foi uma ideia impulsiva e espontânea que resultou num ótimo serão!

E assim foi! Em falta estão todas as livrarias que visitei e que constituíram a atração principal da viagem, mas merecem o seu próprio post – estou muito entusiasmada com todos os livros que contei e ansiosa para escrever sobre eles. Espero que esta viagem sirva de inspiração à Rita do futuro para escolher sítios aleatórios e explorar sem expectativas nem roteiro.

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