
read April 2020
rating: 4/5
Science has taught me that everything is more complicated than we first assume, and that being able to drive happiness from discovery is a recipe for a beautiful life.
“Lab Girl – A story of trees, science and love” é a memoir de Hope Jahren, uma reconhecida investigadora e professora universitária de Paleobiologia. Segundo a própria, é um livro sobre “trabalho e amor, e sobre as montanhas que se podem mover quando estas duas coisas se juntam.”
Tiny but determined, I navigated the confusing and unstable path of being what you are while knowing that it’s more than what peope want to see.
O livro alterna entre dois tipos de capítulos – episódios biográficos da vida pessoal e profissional da autora (enriquecidos por reflexões pessoais sobre o a exigente profissão de uma investigadora ciêntífica, e secções dedicadas às árvores e plantas que Hope tanto admira. Através da romanticização de fenómenos biológicos da Vida das Árvores, a autora desenha paralelismos para a própria vida, que nos fazem sentir mais próximos das nossas amigas produtoras de Oxigénio.
People are like plants: they grow toward the light. I chose science because science gave me what I needed – a home as defined in the most literal sense – a safe place to be.
A descrição da vida de Hope começa quando era uma criança a brincar no laboratório do pai (professor Universitário de Química). Acompanhamo-la durante a sua licenciatura e doutoramento, os duros primeiros anos como investigadora independente e aspirante a líder de um grupo de investigação, o consagrar do objetivo de ser professora universitária, e até o seu casamento com um outro investigador, Clint.
A vida de Hope e a forma como ela equilibrou (ou não equilibrou) a sua vida pessoal e carreira científica provocaram em mim sentimentos contraditórios. Se, por um lado, me revejo na sua paixão pela investigação cientifica, pela capacidade de trabalhar longas e duras horas, pela sede de conhecimento e visão do mundo injusto das bolsas de investigação e candidaturas a projetos, fiquei também muito incomodada com a forma como a autora descura completamente a sua vida pessoal, saúde e bem-estar em prol da ciência, durante grande parte da sua vida.
It was kind of tragic, I reflected, that we all spent our lives working but never really got good at our work, or even finished it.
Desde esquecer-se de comer ou dormir durante dias a fio, até afirmar que não consegue conceber a hipótese de uma vida social e romântica ativa ser combinada com uma carreira científica de suecesso, houve muitos momentos em que me apeteceu abanar Hope e dizer-lhe que o nosso trabalho científico é suposto ser parte da nossa vida, mas nunca a vida toda. A própria autora apercebe-se disto mesmo, ainda que mais tarde do que seria desejado, quando se casa com Clint, e principalmente, quando têm o primeiro filho.
However much you love your job, it ain’t going to love you back.
Acima de tudo, este livro ensinou-me muito – mostrou-me o lado da Hope que gosto de emular no meu dia-a-dia, e também aquele que luto por combater. Recomendo-o definitivamente a tod@s os cientistas e investigadores que por vezes se sintem sozinh@s nas muitas frustações diárias que vêm com a profissão e, espero que tal como a Hope, todos nós aprendamos a equilibrar a ciência e a vida de uma forma que resulta no maior objetivo de todos – a nossa felicidade.
My lab is a place where it’s just as well that I can’t sleep, because there are so many things to do in the world beside that.