Lido: Janeiro 2020
Rating: 4/5
“If Cats Disappeared From the World”, de Genki Kawamura, conta-nos a história de um jovem carteiro de 30 anos. No início do livro, o protagonista descobre que tem um tumor cerebral incurável – e seis meses para viver. Confuso e aterrorizado com a sua mortalidade iminente, começa a fazer uma lista de 10 coisas a fazer antes de morrer – apenas para se perceber que não tem boas ideias. A única coisa que quer é não morrer.
The future you will never get to see is what you regret missing the most when you die.

Quando chega ao apartamento que partilha com o seu gato Cabbage, encontra-se com o diabo, ou uma estranha versão moderna deste, vestido com uma camisa havaiana e calções. O diabo, tão sarcástico e mesquinho como sempre, diz-lhe que os médicos estão errados e que em vez de meses o jovem tem apenas um dia de vida.
E é nesse momento que as coisas se tornam interessantes.
Life is a tragedy when seen in close-up, but a comedy in long-shot.
O diabo faz uma proposta – por cada coisa que o nosso protagonista retirar do mundo (fazer desaparecer), ganha um dia de vida. A princípio parece uma solução simples, mas não se enganem. O diabo deixa pouco espaço de manobra para o nosso jovem decidir o que quer que desapareça do mundo, e as coisas que sugere (desde relógios, telemóveis, filmes até aos gatos) vão sendo cada vez mais relevantes.
Cats simply allow us the pleasure of their company.
O livro está dividido em capítulos por cada dia de vida que o nosso carteiro ganha, e consequentemente por cada coisa que ele retira do Mundo. Seguimo-lo enquanto ele tenta explicar ao melhor amigo, à ex-namorada e até à família da qual se afastou que está a morrer, e temos um lugar privilegiado para testemunhar as suas reflexões, inquietações, memórias e decisões.
Instead of thinking of family as just being there, you need to think of it as something you do. Family is a verb – you do Family.
O tema do livro é bastante pesado, sim – mas a história em si é bastante simples, assim como a linguagem. Dá ideia de que o “trabalho” de reflexão profunda deve ser feito pelo leitor e não pelo autor, algo de que gostei bastante. Cada momento vivido e decisão tomada pelo nosso protagonista mundano levam-nos a pensar na nossa própria vida, e no que faríamos no seu lugar. Foi definitivamente um bom primeiro livro para o ano de 2020, que me proporcionou bons momentos durante a leitura, mas momentos ainda melhores enquanto pensava e escrevia sobre o livro e o que os pensamentos e sentimentos que vieram com ele.
I don’t know whether I’m happy or unhappy. But there’s one thing I do know – you can convince yourself to be happy or unhappy. It just depends on how you chose to see things.