
Fevereiro é um mês mais curto, e algo confuso. E desta vez foi ainda mais incerto, com o confinamento a apertar-se e prolongar-se. Pessoalmente foi também um mês de mudança e evolução e em que alguns projetos pessoais de vida começaram finalmente a definir-se. No meio do trabalho e vida caótica tradicional houve (como sempre, e felizmente) tempo para ler. E foi um mês de boas leituras que estou ansiosa por partilhar.
Norwegian Wood – Haruki Murakami
Norwegian Wood é para muitos a obra que consagrou Murakami. É um livro de ficção realista, sem os elementos mágicos que caracterizam outras obras muito conhecidas como Kafka On The Shore. Conta-nos a história de Tōru, que aos 18 anos sai de casa dos pais para ir estudar teatro em Tóquio. Ao reencontrar Naoko, uma velha amiga, é obrigado a confrontar as memórias do suícidio do melhor amigo Kizuki, anos antes. O livro é melancólico e marcado por tragédia e eventos de vida difíceis de presenciar. A música é um tema tão central como a saúde mental, e ao acompanharmos a vida e desenvolvimento pessoal de Tōru acabamos por aprender tanto sobre ele como sobre nós. Este foi o meu livro favorito do ano até agora e consagrou Murakami no meu coração – estou ansiosa por continuar a explorar a (felizmente vasta) obra do autor.
What happens when people open their hearts?
They get better
Vicious – V.E.Schwab
Dois meses num ano e dois livros de V.E.Schwab? Parece que sim! Este foi o livro do mês de Fevereiro do clube de leitura que tenho com a minha amiga Maria Monteiro. É um livro de fantasia e realismo mágico, e explora a ideia de anti-heróis – pessoas com superpoderes (os Extraordinários) mas que não são necessariamente bons. Neste mundo, certas pessoas ao passar por experiências de quase morte regressam à vida com novas habilidades que refletem a forma como quase morreram. É um livro com várias timelines simultâneas e que se foca principalmente na história de Victor e Eli, em tempos melhores amigos, agora inimigos mortais. Apesar de o livro ter sido divertido, não me convenceu totalmente. Não pretendo ler a sequela, e não sinto que a história ou as personagens me tenham marcado por aí além. Ainda assim, a escrita de V.E.Schwab continua a impressionar-me e suspeito que vai ser presença repetida nestes resumos mensais.
Maybe You Should Talk to Somone – Lori Gottlieb
Este livro é simplesmente genial. É a memoir de Lori Gottliedb, uma psicóloga norte-americana, que nos conta a sua história entrelaçada com as histórias de alguns pacientes específicos. Lori é também ela uma paciente, e a relação que constrói com o seu psicólogo e a forma como reflete sobre a sua própria prática foi muito interessante de ler. As histórias e consultas que nos reconta, e a forma como desmonta os mecanismos mentais de cada paciente enriqueceu imenso a minha própria relação com a saúde mental. Sou muito adepta de terapia e de um dia-a-dia que promove a saúde e bem estar mental, e este livro superou todas as minhas expectativas.
We all have a deep yearning to understand ourselves and be understood.
The Right Swipe- Alisha Rai
Depois da experiência de leitura pesada que foi o último livro, senti a vontade de ler um romance leve e divertido, daqueles que se lê num fim de semana a apanhar sol na varanda, e escolhi “The Right Swipe”. No entanto, apesar de ter sido divertido e engraçado, este romance não é propriamente leve – é daqueles livros muito bons a equilibrar momentos cheesy ou cliché com momentos pesados e profundos, muito parecido ao que “Beach House” havia feito. E, deixem que vos diga, não fiquei nadinha chateada! Neste livro conhecemos Rhiannon Hunter, criadora e CEO de Crush, uma app de encontros semelhante ao Tinder mas com uma visão mais focada na mulher. Matchmaker é um icónico site concorrente, e o sobrinho da CEO (e agora cara da marca) é Samson, um homem com quem Rhiannon teve um encontro de uma noite meses antes e que acabou por lhe dar ghost quando era suposto terem saído juntos novamente. O reencontro forçado numa convenção de aplicações de encontros é o catalisador para este livro turbulento e divertido, daqueles que gostaríamos de ver representado no grande ecrã.